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26/09/2019

PRESENÇA
Não se esqueça de mim...
Na caixa forrada de veludo
repouso na escuridão.
Assopre a poeira, o tempo
e todo o esquecimento
no fundo do coração.
Não se esqueça de mim.
Me reserve um sexto sentido
ou um leve intuição.
Não me esqueço de mim.
O teu retrato carrego
dentro do relicário
desta estranha comunhão;
pecado mortal,
heresia impune
que afronta templos e altares
com este culto pagão.
No quarto desleixado
o pingo da pia
ressoa na noite
com precisão.
Lembre-se de mim
de vez em quando.
Quem sabe uma tele-empatia
me faça sorrir de repente
atravessando a rua distraído
pra morrer na contramão.

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