Fábulas de Escroto

O JUMENTO E A ANTA

Vinha a anta por uma vereda após fechar o caixa de sua lojinha de bugigangas.
Cantando e cantando, seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não - solfejava a tapirus terrestris sonhando com a glória de ser a gerente da maior loja de variedades da floresta.
Não mais do que de repente, deparou-se com um famoso jumento tido e havido como o Cícero da bicharada arraia miúda da floresta, além do galardão de ter sido gerente-geral da Casa Brasil.
O grande orador estava mais para um gambá: trêbado, além de totalmente ébrio e absurdamente embriagado.
Não obstante seu costumeiro estado de embriaguez, o preclaro orador era um animal de extrema influência sobre os irracionais da jângal.
Ponderou então a anta: indago, não indago... Indagá-lo-ei...
- Ave, jumentus. Como estais?
- hic hic... Afff, anta. Tô de boa. E vódes?
- Assim, assim, meu caro.
- Cui cuéres? hic hic?...
- Trata-se de minha ambição de sê a gerente da Casa Brasil. Fico afônica só de pensar com o célebro da cabeça em sê a presidanta da Casa Brasil.
- Sempre simpatizei cum tu, anta. hic hic... Vô te dá uma força.
Dito e feito, o notório gerente íntimo de Baco elegeu a anta gerente-geral do fabuloso comércio.
Após poucos anos sob a nova direção, a Casa Brasil deu com os burros n'água, e está em concordata, não obstante os ingentes esforços de um certo capitão, veríssimo representante da cavalaria tropical.

MORAL: quem se aconselha com jumento dá bom dia a cavalo