Meu falecido sogro, mix de sapateiro e músico, homem simples, um belo dia, em conversa comigo, expôs a sua opinião sobre a delinquência juvenil.
Do alto de sua sabedoria adquirida ao longo de anos observando a vida, me saiu com essa solução simplesmente maravilhosa e de uma objetividade desconcertante: basta permitir que os menores, a partir dos 14 anos, possam ser contratados pelo comércio, indústria e serviços. Eles trabalhariam meio expediente, conciliando trabalho e escola, e receberiam 1 SM. Os empregadores não teriam 1 centavo de custo adicional com obrigações trabalhistas. Assinariam a CP da molecada e estes só teriam o desconto do INSS, contando tempo para a sua futura aposentadoria.
Meu sogro continuou apresentando a sua tese, agregando a ela um outro argumento difícil de ser contestado: imagine uma família com 2 ou três adolescentes(o Brasil tem pencas de famílias com este número de "dimenor"). Pois bem, continuou o meu saudoso sogro: são 2 ou três vezes 1 SM, ou seja, 1600 ou 2400 reais (arredondando e atualizando...) de renda para as famílias. Os pais enquadrariam a molecada e exigiriam que eles fossem à luta para ajudar na renda familiar e para atender às suas necessidades de tênis de marca, CD's de funk, rap e outras merdas a gosto da falta de escola e cultura. Ao crime restaria cooptar os "dimaior" para tocar o seu negócio torpe e sórdido. Nesta altura do papo, dei o meu pitaco, dizendo para o meu sogro que as suas ideias seriam combatidas ferozmente pelas ong's, comissões de direitos humanos, pela ala modernosa da igreja e outras tantas organizações que morrem de pena dos meliantes "coitadinhos". Eles diriam que é um absurdo meter a corjinha na cadeia; que eles são vítimas de um sistema excludente e desumano. A solução é internar as crianças em institutos de recuperação e de ressocialização; com ajuda psicológica, terapias ocupacionais e etc e tal...A solução seria implantar estas políticas sociais ao longo do tempo, de modo a recuperar as crianças para uma vida normal e assídua nos bancos da escola.
O "pobrema" é a falta de vontade política de nossos políticos; a preguiça, a inépcia e a corrupção endêmica de nossos "representantes". Anos passariam e nada de se resolver o problema dos "dimenor" levados da breca assaltando e roubando a população entregue à própria sorte.
Depois de bancar o advogado do diabo, meu sogro ponderou que as empresas formariam mão de obra especializada e ao mesmo tempo poderiam formar profissionais identificados com a cultura do negócio.
Finalizamos o papo, à época, nos perguntamos um ao outro o porquê de uma solução como esta não ocorria aos nossos ínclitos representantes encastelados em seus gabinetes refrigerados? Simples...eles estão muito ocupados em legislar em proveito próprio, entre uma e outra negociata com empreiteiros e homens de negócio do Brasil e do exterior. Enquanto isto, no dia a dia, vamos nos safando dos "dimenor" tocaiados nas esquinas, à espreita de cidadãos insensíveis como nós que queremos colocar os "chuks" malvadinhos na cadeia.
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