ACASO
Por que tem que ser assim?...
Alguém me diga, olhe em meus olhos
e diga, onde foi que o desencontro
marcou com a dor o encontro,
trocando placas e esquinas,
jogando com a minha sorte
como quem se ri da morte
de quem ainda nem viveu?
De quem são as cartas marcadas
lançadas sobre o feltro vermelho?
De quem é a mão usa a minha
embaralha toda a linha,
lança dados, lê nos astros
a sina que foi marcada
à minha revelia?
Quem manobra os cordéis?
Quem tira a sorte e lê as runas?
Há de ser alguém sem alma,
há de ser alguém se dó.
Pode ser alguém que fere
sem saber porque é que bate.
Ou então alguém que assuma
que mesmo a dor que lhe cabe
não tem sentido ou razão.
Faz parte de um contexto,
não passa de mero pretexto
de uma atávica expiação.
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