Belo Horizonte, 16 de junho de 2019.
Prezado Deputado Estélio O. Natário.
Desculpe-me tomar o seu tempo, mas acontece que estou desempregado pela segunda vez este ano.
Sou garçom e o restaurante onde trabalhava fechou. É a crise, o senhor entende.
Quem me animou a escrever para o senhor foi a minha irmã Lindaura. O senhor deve se lembrar dela quando foi em nossa casa na época das eleições. Lindaura é alta, morena, olhos verdes e, se não fosse minha irmã, fugiria com ela sem pensar duas vezes.
Lindaura não se esquece de sua gentileza quando o senhor foi lá em casa para um café e ela saiu do banho toda molhadinha. O senhor se prontificou a enxugar as costas de minha irmã e inclusive fez questão de acompanhá-la até seu quarto - tudo no maior respeito. Mamãe estranhou a demora, mas disse que o senhor deveria estar explicando para ela o programa do partido.
Desculpe-me esta volta toda, deputado. Minha intenção foi o de detalhar nosso encontro , de modo que o senhor se lembre de mim. Não me passa pela cabeça que o senhor esquece seus eleitores. Todo ano, sem falta, o senhor se lembra do meu aniversário e manda o seu cartão de cumprimentos. Fico sempre emocionado com a sua lembrança.
A propósito, estive em Brasília dias atrás para procurar emprego. Não consegui e fui até a câmara e dei com a cara na porta. Acordei o porteiro e perguntei pelo senhor. Ele me disse com um sorriso meio debochado que o senhor foi fazer parte de uma quadrilha no nordeste e que só voltaria, talvez, após o término das festas julinas. Não gostei do tipo e dei uma pifa no safado. Sou lutador de UFC (amador). Então, se não tiver vaga no seu gabinete, posso ser seu segurança, não é mesmo?
Seus adversários políticos aqui em nossa cidade falam muito mau do senhor. Não perto de mim. Eles sabem que o nocaute será no primeiro round. Eu e Lindaura somos testemunhas da sua bondade e simplicidade.
Encerrando, deputado, conto com a sua ajuda e aguardo notícias.
Deus lhe abençoe.
Seu eleitor,
Sou garçom e o restaurante onde trabalhava fechou. É a crise, o senhor entende.
Quem me animou a escrever para o senhor foi a minha irmã Lindaura. O senhor deve se lembrar dela quando foi em nossa casa na época das eleições. Lindaura é alta, morena, olhos verdes e, se não fosse minha irmã, fugiria com ela sem pensar duas vezes.
Lindaura não se esquece de sua gentileza quando o senhor foi lá em casa para um café e ela saiu do banho toda molhadinha. O senhor se prontificou a enxugar as costas de minha irmã e inclusive fez questão de acompanhá-la até seu quarto - tudo no maior respeito. Mamãe estranhou a demora, mas disse que o senhor deveria estar explicando para ela o programa do partido.
Desculpe-me esta volta toda, deputado. Minha intenção foi o de detalhar nosso encontro , de modo que o senhor se lembre de mim. Não me passa pela cabeça que o senhor esquece seus eleitores. Todo ano, sem falta, o senhor se lembra do meu aniversário e manda o seu cartão de cumprimentos. Fico sempre emocionado com a sua lembrança.
A propósito, estive em Brasília dias atrás para procurar emprego. Não consegui e fui até a câmara e dei com a cara na porta. Acordei o porteiro e perguntei pelo senhor. Ele me disse com um sorriso meio debochado que o senhor foi fazer parte de uma quadrilha no nordeste e que só voltaria, talvez, após o término das festas julinas. Não gostei do tipo e dei uma pifa no safado. Sou lutador de UFC (amador). Então, se não tiver vaga no seu gabinete, posso ser seu segurança, não é mesmo?
Seus adversários políticos aqui em nossa cidade falam muito mau do senhor. Não perto de mim. Eles sabem que o nocaute será no primeiro round. Eu e Lindaura somos testemunhas da sua bondade e simplicidade.
Encerrando, deputado, conto com a sua ajuda e aguardo notícias.
Deus lhe abençoe.
Seu eleitor,
José Ruella da Silva.
PS: esta é a minha décima carta, deputado. O senhor precisa tomara uma providência enérgica com os Correios. Uma vergonha!...
PS: Lindaura manda um beijo.
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