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25/01/2017

Cafézinho pra não fazer desfeita.

Minha sobrinha me encaminhou esta postagem a um tempo atrás.
Só cafezinho? Não é bem assim, sobrinha. Como você sabe, mineiro recebe como ninguém e no interior então, nem se fala. 
Vou te contar a minha experiência.
Eu e Joaquim fomos a Guaraciaba em 1982. Foi umas das minhas primeiras viagens à cidade. 
Seu avô me convidou para visitar alguns amigos. Queria aproveitar a oportunidade para apresentar o genro a todos. Antes me avisou que iríamos visitar 4 ou 5 famílias e que em todas as casas encontraríamos uma farta mesa de café. Recomendou que eu comesse pouco, principalmente nas primeiras, beliscando uma coisinha ou outra, sempre justificando que havíamos feito um lanche antes de sair. Não dei muita atenção ao conselho e saímos para a peregrinação.
A primeira família que visitamos foi a de um filho de Nenén Gato. Feitas as apresentações e engrenado o papo, fomos convidados para um cafezinho que de "zinho" não tinha nada. Mesa completa: café, leite, pães(sal e doce), bolo(s), brevidades, tarecos, biscoitos de polvilho, doce(s), queijo e outras tantas iguarias maravilhosas.
Como tenho os olhos maiores do que a barriga, fiz a festa e logo em seguida fomos para a segunda visita. A fartura se repetiu com "aquela" mesa de café. Com dificuldade consegui comer um pão com queijo, uma e outra quitanda e um cafezinho supimpa coado na hora.
Na terceira casa a fartura se repetiu e o bicho pegou. Tive que simular uma azia muito forte e para convencer pedi uma dose de bicarbonato que, por sinal, já era necessário.
Na quarta visita, pra variar, a mesa de café era digna de visita de bispo. Entrei com cara de enterro e após os cumprimentos e apresentações, fui logo dizendo que estava passando mau e que me desculpassem a falta de apetite. A custo tomei um cafezinho.
Na quinta e última, pedi a meu sogro que se antecipasse às apresentações e fosse logo avisando que eu estava com uma tremenda dor de barriga. De minha parte faria cara de dor de barriga. O combinado seu certo, cumprimentei a todos rapidamente, deia meia volta e a passo miúdo tomei o rumo da casa de Tia Zefa, sua irmã. Poucos metros adiante, dei uma paradinha e meio agachado murmurei que voltaria no dia seguinte para uns dedos de prosa.
No dia seguinte, em jejum absoluto, fui cumprir o prometido e me fartei com o banquete na mesa de café.
Fica aqui o meu conselho: se forem fazer visitas no interior de Minas, vá em jejum de 12 horas e nunca, mas nunca mesmo, visite mais do que 3 famílias no mesmo dia. Senão...

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