Fernando Antônio de Carvalho compartilhou a foto de Maggy Cordeiro.
Maggy Cordeiro
UMA DÉCADA SEM AQUELE SORRISÃO...
Quase nesse horário, exatamente uma década atrás, um menino apressado resolveu encerrar seus trabalhos, limpar sua mesa (algo inusitado para ele), se desfazer do que não era mais necessário e tirar férias sabáticas. Pegou todos de surpresa.
Sou infinitamente grata por ter tido o privilégio de abrigar em mim esse serzinho adorável.
Fui como uma concha para a pérola. Após formada, e com enorme curiosidade pelo que estava passando lá fora, resolveu sair e conhecer a imensidão do mar. Quando viu a quantidade de coisas que poderia e queria fazer ali, passou a viver em uma acelerada corrida. Tudo que fazia tinha que ser para ontem.
Cada atividade que iniciava parecia ser a mais importante, e até que a concluísse não tinha paz (nem deixava qualquer ser que se aproximasse tê-la). Se entregava de uma forma tal, que parecia ser a mesma a última. Ledo engano. Logo logo já estava colocando em prática outra e mais outra e mais outra. Caramba! Parecia uma fábrica de ideias. E a grande maioria visava o bem estar alheio.
Pressentindo que não daria conta de tudo, em tempo hábil, resolveu pedir ajuda a seus antigos irmãos. A maioria a chamava de Mano. Coincidência ou algo que ainda não temos domínio para responder? E cada vez chegava mais gente com ideias semelhantes (claro!), e tudo pode ser distribuído. Não só tarefas como também aquele contágio de energia, alegria, fraternidade, alto astral, total disponibilidade para fora. Foi uma contaminação geral, digna de pesquisa pela Fiocruz para detectar o vetor.
Bem, como era pérola (lembram?), e estava no fundo do mar, um dia ficou presa em uma rede de pescadores e conseguiu ver que, aquele azul lindo que pensava ser da água, era de algo enorme e amplo bem acima do mar. Se esticando toda, qual não foi seu espanto ao ver que aquela camada azul não tinha fim! Que mesmo onde o mar terminava ela continuava. Pensou então: "Nossa! Quanta coisa eu poderia ver e fazer se ao invés de ser uma pérola, pudesse morar naquele mundo ou seja lá o que fosse?".
Retornou para seu grupo e percebeu que tudo estava muito bem orquestrado por todos, com várias ramificações, e que não necessitavam de ninguém para dar uma direção. Cada um sabia exatamente qual a sua parte naquele todo.O amor aos mais necessitados, a união que havia entre eles, onde o problema de um passava a ser de todos, e recebia apoio até que fosse solucionado já era natural. Uma parte decidiu se autodenominar de GSE (Grupo Social da Esquina).
A vida seguiu. Entretanto, aquela imensidão azul que havia visto não saia de sua cabeça. Nem a enorme vontade que sempre teve de se superar em tudo.
Sorrateiramente, antes que alguém notasse e tentasse impedi-la, tirou sua camisa do GSE e deixou no armário de seu mano Caê, com quem iniciou toda aquela história, e partiu.
Considerou que os dizeres que havia escolhido para sua camiseta (cada um escolheu uma frase que mais se identificasse), seria suficiente para que entendessem. Dizia assim: "Eu já cai, agora é com vocês. Baixas são necessárias".
Pegou carona com uma baleia que passava, acomodou-se no local por onde sairia o seu jato, e quando ela emergiu e esguichou, pegou impulso e foi parar naquela imensidão azul com a qual sempre sonhava.
Ao ver aquela criatura corajosa e inquieta, olhando para todos os lados, a Equipe Guardiã que organizava a tarefa de cada morador de lá (planetas, estrelas, meteoritos, etc), decidiu que essa pérola teria que ser transformada em um cometa. Aquele que passa rápido para ir a vários lugares, e com isso, deixa um rastro de luz, como para marcar sua presença por onde passa. Uma espécie de saudação.
Até hoje vivo contemplando o céu para tentar vê-lo em atividade. Vez ou outra vejo aquele rastro de luz e uma gota dourada cai sobre mim, recuperando minhas forças quando já estão na reserva (como adivinha?), e prometendo que ainda faremos muitos trajetos juntos. Que já está planilhando um roteiro inusitado que atravessa a nebulosa, aposta corrida na Via Láctea, e depois descansa em uma nuvem mais próxima.
Vivo sonhando com isso. No entanto, acho que não terei a mesma ordem de grandeza. Devo ficar com rotas de passeio mais restritas. Não importa. Pelo menos, vez ou outra, sairemos juntos para que me mostre o que puder e me conte as coisas novas que aprendeu.
Sinto saudades do tempo em que era só um pouco de areia dentro de mim.....sua formação tão frágil....o período que viveu dentro da minha grossa proteção. Uma pérola só minha.
No entanto, vejo que seria muito egoísmo privar o universo desse ser tão brilhante quanto realizador.
Só me resta deixar rolar uma lágrima e ao mesmo tempo sorrir, lembrando que já havia sido avisada disso tudo, quando ao me ver reclamando de algo, se aproximava, pegava em meu braço, me levava à uma janela mais próxima e mostrava o dia lindo que fazia, dizendo: "Larga isso tudo....Olha que céu lindo....Vai lá fora aproveitar".
Então seco os olhos, corro para fora, respiro profundamente e fico olhando para o céu, num misto de alegria, gratidão e esperança do reencontro.
Maggy Cordeiro
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Sou infinitamente grata por ter tido o privilégio de abrigar em mim esse serzinho adorável.
Fui como uma concha para a pérola. Após formada, e com enorme curiosidade pelo que estava passando lá fora, resolveu sair e conhecer a imensidão do mar. Quando viu a quantidade de coisas que poderia e queria fazer ali, passou a viver em uma acelerada corrida. Tudo que fazia tinha que ser para ontem.
Cada atividade que iniciava parecia ser a mais importante, e até que a concluísse não tinha paz (nem deixava qualquer ser que se aproximasse tê-la). Se entregava de uma forma tal, que parecia ser a mesma a última. Ledo engano. Logo logo já estava colocando em prática outra e mais outra e mais outra. Caramba! Parecia uma fábrica de ideias. E a grande maioria visava o bem estar alheio.
Pressentindo que não daria conta de tudo, em tempo hábil, resolveu pedir ajuda a seus antigos irmãos. A maioria a chamava de Mano. Coincidência ou algo que ainda não temos domínio para responder? E cada vez chegava mais gente com ideias semelhantes (claro!), e tudo pode ser distribuído. Não só tarefas como também aquele contágio de energia, alegria, fraternidade, alto astral, total disponibilidade para fora. Foi uma contaminação geral, digna de pesquisa pela Fiocruz para detectar o vetor.
Bem, como era pérola (lembram?), e estava no fundo do mar, um dia ficou presa em uma rede de pescadores e conseguiu ver que, aquele azul lindo que pensava ser da água, era de algo enorme e amplo bem acima do mar. Se esticando toda, qual não foi seu espanto ao ver que aquela camada azul não tinha fim! Que mesmo onde o mar terminava ela continuava. Pensou então: "Nossa! Quanta coisa eu poderia ver e fazer se ao invés de ser uma pérola, pudesse morar naquele mundo ou seja lá o que fosse?".
Retornou para seu grupo e percebeu que tudo estava muito bem orquestrado por todos, com várias ramificações, e que não necessitavam de ninguém para dar uma direção. Cada um sabia exatamente qual a sua parte naquele todo.O amor aos mais necessitados, a união que havia entre eles, onde o problema de um passava a ser de todos, e recebia apoio até que fosse solucionado já era natural. Uma parte decidiu se autodenominar de GSE (Grupo Social da Esquina).
A vida seguiu. Entretanto, aquela imensidão azul que havia visto não saia de sua cabeça. Nem a enorme vontade que sempre teve de se superar em tudo.
Sorrateiramente, antes que alguém notasse e tentasse impedi-la, tirou sua camisa do GSE e deixou no armário de seu mano Caê, com quem iniciou toda aquela história, e partiu.
Considerou que os dizeres que havia escolhido para sua camiseta (cada um escolheu uma frase que mais se identificasse), seria suficiente para que entendessem. Dizia assim: "Eu já cai, agora é com vocês. Baixas são necessárias".
Pegou carona com uma baleia que passava, acomodou-se no local por onde sairia o seu jato, e quando ela emergiu e esguichou, pegou impulso e foi parar naquela imensidão azul com a qual sempre sonhava.
Ao ver aquela criatura corajosa e inquieta, olhando para todos os lados, a Equipe Guardiã que organizava a tarefa de cada morador de lá (planetas, estrelas, meteoritos, etc), decidiu que essa pérola teria que ser transformada em um cometa. Aquele que passa rápido para ir a vários lugares, e com isso, deixa um rastro de luz, como para marcar sua presença por onde passa. Uma espécie de saudação.
Até hoje vivo contemplando o céu para tentar vê-lo em atividade. Vez ou outra vejo aquele rastro de luz e uma gota dourada cai sobre mim, recuperando minhas forças quando já estão na reserva (como adivinha?), e prometendo que ainda faremos muitos trajetos juntos. Que já está planilhando um roteiro inusitado que atravessa a nebulosa, aposta corrida na Via Láctea, e depois descansa em uma nuvem mais próxima.
Vivo sonhando com isso. No entanto, acho que não terei a mesma ordem de grandeza. Devo ficar com rotas de passeio mais restritas. Não importa. Pelo menos, vez ou outra, sairemos juntos para que me mostre o que puder e me conte as coisas novas que aprendeu.
Sinto saudades do tempo em que era só um pouco de areia dentro de mim.....sua formação tão frágil....o período que viveu dentro da minha grossa proteção. Uma pérola só minha.
No entanto, vejo que seria muito egoísmo privar o universo desse ser tão brilhante quanto realizador.
Só me resta deixar rolar uma lágrima e ao mesmo tempo sorrir, lembrando que já havia sido avisada disso tudo, quando ao me ver reclamando de algo, se aproximava, pegava em meu braço, me levava à uma janela mais próxima e mostrava o dia lindo que fazia, dizendo: "Larga isso tudo....Olha que céu lindo....Vai lá fora aproveitar".
Então seco os olhos, corro para fora, respiro profundamente e fico olhando para o céu, num misto de alegria, gratidão e esperança do reencontro.
Maggy Cordeiro
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Esse texto é minha homenagem ao meu guerreiro da luz por essa década que estamos sem sua presença física. Ao mesmo tempo, realizo seu desejo de ver algo meu publicado. E mais importante ainda, sendo a primeira publicação uma homenagem a ele.
Não se conformava por não poder ler meus textos, e não entendia porque eu os escrevia se não deixava ninguém ler nem os publicava. Debalde minhas colocações de que escrevia apenas para mim. Missão cumprida!
Não se conformava por não poder ler meus textos, e não entendia porque eu os escrevia se não deixava ninguém ler nem os publicava. Debalde minhas colocações de que escrevia apenas para mim. Missão cumprida!
Saudades de queridos que partiram antes de nós também são grandes. Só que o tempo se encarrega de ir amenizando, colocando outras prioridades em nossa vida, e mesmo não esquecendo, a lembrança nos traz menos dor e vão aflorando mais as recordações do que vivenciamos de bom juntos. Aconteceu com minha mãe e confidente, que partiu muito cedo sem sequer conhecer o Rafa....meu mano....minha mana. Só que são perdas mais esperadas.
A saudade da partida de um filho é muito diferente. Há uma conexão muito forte pelo tempo em que o gestamos, compartilhamos tudo e fomos um. A ordem natural é bagunçada. Nosso cérebro não foi programado para esse tipo de situação e entramos em loop. Não bastam as recordações. Sente-se falta da pele, do contato estreitado com a amamentação, do cheiro, de pequenas coisas divididas só conosco. Razão de nem todos entenderem essa dificuldade de aceitação.
Vida segue, claro. Não espera você levantar nem para limpar a areia do joelho. Só que uma coisa é a personagem que ela nos obriga a representar para que não incomode os demais, e a verdadeira pessoa por detrás de tudo. Cuidado! Não vá se apressar na sua análise a respeito.
Vida segue, claro. Não espera você levantar nem para limpar a areia do joelho. Só que uma coisa é a personagem que ela nos obriga a representar para que não incomode os demais, e a verdadeira pessoa por detrás de tudo. Cuidado! Não vá se apressar na sua análise a respeito.
Muita paz , luz e evolução espiritual para meu guri, onde quer que ele esteja aprontando. Minha eterna gratidão a todos que fizeram com que sua estada aqui tenha sido a melhor possível.
Namastê!
Namastê!
A foto é parte do GSE. Fico devendo uma mais completa.

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